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https://hdl.handle.net/10316/26993
Title: | Alterações Ambientais e Riscos Associados à Exploração Mineira no Médio Curso do Rio Zêzere. O Caso das Minas da Panasqueira | Authors: | Gonçalves, Anselmo Casimiro Ramos | Orientador: | Cunha, Lúcio Saraiva, António |
Keywords: | Mina da Panasqueira; Metais pesados; Ribeira do Bodelhão; Rio Zêzere; Impactos ambientais; Panasqueira Mine; Heavy metals; Bodelhão brook; Zêzere river; Environmental impacts | Issue Date: | 7-Oct-2015 | Citation: | GONÇALVES, Anselmo Casimiro Ramos - Alterações ambientais e riscos associados à exploração mineira no médio curso do rio Zêzere : o caso das minas da Panasqueira. Coimbra : [s.n.], 2015. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/26993 | Abstract: | abalho que aqui se apresenta tem como objetivos, avaliar as consequências
ambientais e humanas decorrentes da atividade mineira que se exerce há mais de 118
anos neste troço do médio Zêzere, no centro interior de Portugal.
Uma análise histórica evolutiva da atividade mineira tem como objetivo mostrar as
mudanças que se foram operando na atividade, assim como nos mercados e o impacte
desta nos movimentos humanos que se processaram ao longo do século XX.
Não nos podemos alhear que fatores naturais, socioeconómicos e políticos
explicaram e explicam o processo de abandono populacional que esta área sofreu ao
longo das últimas seis décadas à qual a atividade mineira não é alheia.
As áreas mineiras ativas e degradadas, sempre estiveram associadas a impactes
ambientais e de cariz geotécnico e incidem de forma altamente prejudicial na
segurança, na saúde pública e na sustentabilidade dos ecossistemas envolventes. Esses
impactes agravam-se de forma extremamente negativa quando as minas e as suas
infraestruturas são abandonadas sem manutenção e sem qualquer tipo de gestão das
escombreiras.
Portugal, país com longa tradição mineira tem presentemente 174 áreas mineiras
abandonadas a precisarem de uma intervenção urgente. Não podemos esquecer que
já foram feitas intervenções de fundo em diversas minas abandonadas, no entanto
urge intervir e reabilitar muitos outros locais.
Neste trabalho incidimos a nossa atenção nos impactes ambientais e aos riscos
associados à indústria mineira a lavrar próximo de um dos principais cursos de água de
Portugal, estamos a falar do rio Zêzere, e as minas são as da Panasqueira.
A mina da Panasqueira, sendo a maior mina produtora de volfrâmio da Europa, está
em funcionamento há mais de 118 anos criando ao longo desse tempo um passivo
ambiental que é hoje fonte de preocupação, de autarcas e populações dos concelhos
sob sua influência (Covilhã, Fundão e Pampilhosa da Serra, Oleiros, Pedrogão Grande). A sua exploração ao longo deste tempo produziu dezenas de milhões de m3 de
inertes que foram depositados em escombreiras (na Panasqueira, Barroca Grande e
Cabeço do Pião), e milhões de m3 de águas residuais provenientes quer diretamente
da mina, da lavaria, da ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais, e das
escorrências pluviais que incidem nos taludes das barragens de lamas e das
escombreiras. Esta exploração pôs e põe em risco não só as aldeias que estão inseridas
no couto mineiro da Panasqueira (Panasqueira, Barroca Grande, Aldeia de S. Francisco,
Cabeço do Pião), como também as aldeias existentes nas proximidades do couto
mineiro, que contactam com o rio Zêzere (Barroca do Zêzere, Dornelas do Zêzere,
Porto de Vacas, Esteiro, Janeiro de Baixo).
A escombreira dita nova, situada na Barroca Grande, suporta duas barragens de
lamas (uma já encerrada) e uma ETAR localizada no local de Salgueira que foi
inaugurada em 1957, e desde essa altura está subdimensionada. Essa situação leva a
que, em muitas situações o excesso de águas provenientes da mina e da barragem de
lamas ultrapassam em muito a capacidade de tratamento de águas da ETAR, o que
leva a que os excedentes (o que na maioria das situações ultrapassa o valor em
tratamento), sejam libertados diretamente na ribeira do Bodelhão, afluente do rio
Zêzere.
A antiga escombreira localizada no Cabeço do Pião, abandonada desde 1994,
encontra-se em péssimo estado de conservação quando comparada com a
escombreira da Barroca Grande e conhecida como escombreira nova. Possui pouca ou
nenhuma vegetação por isso a instabilidade crescente dos seus taludes, que originam
frequentes deslizamentos de materiais para o rio Zêzere, que passa na base da
escombreira. A velha ETAR no Cabeço do Pião, trata os caudais gerados por infiltração
e águas de escorrência provocadas pela precipitação e que ficam carregadas de
sulfuretos metálicos oxidados vindos da velha barragem de lamas até à base da
escombreira antiga. A ETAR pelo seu estado de conservação não permite que esta
trabalhe o que mostra o total abandono a que está votada, indo todo o caudal que
deveria ser tratado diretamente para o rio Zêzere.
A realidade demográfica explica também o esplendor e o definhamento da
importância das minas nesta área, é a partir dos finais dos anos 50 do século XX, que a
“febre da emigração”, assente no pressuposto que a mina deixou de atrair, implicitamente porque já estava associado o mal da mina, “Silicose”, a quem para lá
fosse trabalhar.
Perante esta nova realidade a ocupação do espaço rural não mais foi o mesmo. O
ódio à mina contribuiu decisivamente para o abandono das aldeias e o rápido
despovoamento desta área, fez com que a empresa mineira se visse na contingência
de ter de contratar mão-de-obra em Cabo Verde.
Desde meados dos anos 60 que a loucura da mina não mais foi a mesma. De facto
olhando para os quadros com a evolução demográfica, cruzando com o conhecimento
profundo deste território, podemos concluir que as minas, desde há muito tempo,
deixaram de exercer uma influência capital na evolução demográfica da região, como
foi entre 1930 e 1960, no entanto, e devido à crise profunda que Portugal e a Europa
atravessa, em que o emprego rareia, é hoje esta mina empregadora de muitos
oriundos desta área que pelos mais variados motivos regressaram às suas aldeias, mas
não os suficientes para inverter a tendência de despovoamento e de um acelerado
envelhecimento das populações residentes. The propose of this work is to evaluate the environmental and human consequences arising from the mining activity which takes place in this stretch of middle Zêzere, in Portugal inner center, for more than 115 years ago. This historical evolutionary analyses of the mining activity aims to demonstrate the changes that were performed in the activity, as well as in the markets and its impact in the human movements which were processed along the twentieth century. We can’t ignore that the natural, socio-economic and political factors justified and still explain the process of population dropout that this zone suffers along the last six decades, of which the mining activity isn’t unaware. The active and damaged mining areas always were associated to environmental impacts of geotechnical caraway and affect, in a highly prejudicial manner, the safety, public health and sustainable surrounding ecosystems. These impacts become worse in an extremely negative way when the mines and their foundations are abandoned without conservation and any management of mineral deposits. Portugal, a country with a long mining tradition, has actually 174 abandoned mining areas needing urgent intervention. We cannot forget that background interventions have already been made in several abandoned mines, however it’s urgent to step in and repair many other places. In this work we focus our attention in the environmental impacts and the risks associated to mining industry wrought next to one of the main watercourses of Portugal, Zêzere river and the Panasqueira mines. The Panasqueira mine, the larger mine producer of wolfram in Europe, is operating for more than 115 years, creating over that time an environmental liability which, today, is a source of concern to mayors, and to the populations of the counties under its influence (Covilhã, Fundão e Pampilhosa da Serra, Oleiros, Pedrogão Grande). Its development during this time produced tens of millions of m3 of inerts which were placed in waste dump (Barroca Grande and Cabeço do Pião), and millions of m3 of waste water directly from the mine, from the wash up, from the ETAR - wastewater treatment station, and from the stormwater runoff which focused in the embankment dams of mud and of mineral deposits. This profiteering put and still puts at risk the villages inserted in the mining land of Panasqueira (Panasqueira, Barroca Grande, Aldeia de S. Francisco, Cabeço do Pião), as well as the existing villages near the mining land, which contact with the river Zêzere (Barroca do Zêzere, Dornelas do Zêzere, Porto de Vacas, Esteiro, Janeiro de Baixo). The new waste dump, situated in Barroca Grande, supports two dams of mud (one is already closed) and one ETAR situated in Salgueira that was inaugurated in 1957, and since that time is undersized. That situation, in many cases, makes the excess water from the mine and the dam of mud exceed the capacity of water treatment of the ETAR, which leads to the discharge of the excess (most of which exceeds the treatment value), in the Bodelhão brook, which is an affluent of river Zêzere. The old waste dump situated in Cabeço do Pião, abandoned since 1994, is in disrepair, comparing to the mineral deposit of Barroca Grande, known as the new mineral deposit. It has few or no vegetation and therefor the increasing instability of its embankments, which cause frequent landslides of materials directly to the river Zêzere, which goes by the basis of the mineral deposit. The old ETAR in Cabeço do Pião, treats the flow generated by the infiltration and water runoff caused by the rainfall, which is loaded with metal oxidized sulphides coming from the old dam of mud up to the old mining deposit. The preservation of this ETAR does not allow it to work for many years, which shows its total abandonment, making the flow, which should be treated, go directly to the river Zêzere. The demographic reality also explains the magnificence and the withering away of the importance of the mines on this area, from the late 50 of twentieth century, when the “emigration fever” starts, based on the presupposition that the mine failed to attract, implicitly associated to the mine harm, “Silicosis”, to who were working there. Before this new reality, the occupation of rural space was no longer the same. The hate on mine contributed decisively to the abandon of the villages, and the fast depopulation of this area made the mining company to hire labor in Cape Verde. Since the mid-60 the mine’s frenzy was no longer the same. In fact, looking at the demographic evolution charts, crossing it with the profound knowledge of this territory, we can conclude that the mines, since a long time, stopped to influence the demographic evolution of the area, as happened in 1930 and 1960, however, due to the crisis that Portugal and Europe are going through, where employment is scarce, this mine is today the employer of many others coming from this area and which, by several reasons returned to their villages, but is not enough to invert the tendency of depopulation and of a quick aging of the resident populations. The environmental impacts and the risks associated to this reality whether from the mineral deposits (new and old) and the action of the mining activity in the quality of waters from the brook of Bodelhão and river Zêzere, whether from the risks to which the riverside communities downstream Cabeço do Pião, are exposed. |
Description: | Tese de doutoramento em Geografia, no ramo de Geografia Física, apresentada ao Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/26993 | Rights: | openAccess |
Appears in Collections: | FLUC Geografia - Teses de Doutoramento |
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