What is a genetically modified seed? A study of the ontological politics of biotechnological innovation

Abstract

In the last forty years, the existence and impact of genetically engineered organisms (GEOs), especially plants, have been the subject of an intense global debate. Considering several controversies regarding them and remembering that GEOs are produced by a complex system of interactions that need to account for both its technical and theoretical possibilities with its political economy and institutional structures, inside and outside the laboratories and the fields, this doctoral research aims to explain what happened (still happens) within one of the most important actors for the existence of genetically engineered organisms, science. Why do we find scientists on both sides of the controversy? What models and ideas about science are in conflict? What factors lay at its roots? What are the consequences of this conflict for what we understand today as science? And considering the controversy, what is, after all, a genetically modified seed? The search for answers to these questions will follow the path of studies on scientific dissent and laboratory studies in conjunction with the analysis of the process of subsumption of science under capitalism. This path was chosen for two reasons. On the one hand, to complement an already wide variety of critical approaches to the problem of GEOs, and on the other hand, as a strategy to understand the incommensurability of the controversy within the realm of science. If I remained open to the possibilities of emancipation associated with GEOs during this course, my initial proposal would be defeated in the end. In this sense, rather than looking for possible uses for GEOs, we must look to the concrete utopias developing in the field of dissidence. Utopias that promise a responsible and fair science practice and therefore require the rejection of these beings.

Nos últimos quarenta anos, a existência e o impacto dos organismos geneticamente modificados (OGMs), especialmente as plantas, tem sido objeto de um intenso debate global. Considerando as diversas controvérsias a seu respeito, e lembrando que os OGMs são produzidos por um complexo sistema de interações que precisam dar conta de suas possibilidades técnicas e teóricas em relação com a sua economia política e estruturas institucionais, dentro e fora dos laboratórios e no terreno, esta pesquisa doutoral tem como objetivo explicar o que aconteceu (e ainda acontece) no seio de um dos atores mais importantes para a existência de organismos geneticamente modificados, a ciência. Por que encontramos cientistas dos dois lados da controvérsia? Que modelos e ideias sobre a ciência estão em conflito? Que fatores estão em suas raízes? Quais são as consequências desse conflito para o que hoje entendemos como ciência? E diante da controvérsia, o que é, afinal, uma semente geneticamente modificada? A busca por respostas a essas questões seguirá o caminho dos estudos sobre dissidência científica e estudos de laboratório em conjunto com a análise do processo de subsunção da ciência ao capitalismo. Esse caminho foi escolhido por dois motivos. Por um lado, para complementar uma já ampla variedade de abordagens críticas ao problema dos OGMs e, por outro, como estratégia para compreender a incomensurabilidade da polêmica no âmbito da ciência. No entanto, se durante esse curso me mantive aberta às possibilidades de emancipação associadas aos OGMs, a minha proposta inicial acabou sendo derrotada. Nesse sentido, mais do que buscar possíveis usos para os OGMs, devemos olhar para as utopias concretas que se desenvolvem no campo da dissidência. Utopias que prometem uma prática científica responsável e justa e, portanto, exigem a rejeição destes seres.